quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Hoje ao comentar um post de uma pessoa muito querida dei comigo a fazer uma retrospectiva da minha própria vida.
Desde que me lembro de ser gente que soube que estava na família errada, que não me identificava com maior parte dela e as poucas pessoas com quem me identificava estavam fechadas dentro delas mesmas. Também foi essa a minha maneira de lidar pois sentia-me verdadeiro ET, sentia que falava mas ninguém me percebia e passei a falar apenas comigo. A maneira que arranjei de me proteger foi criar duas pessoas. Uma que apenas eu conhecia, tímida, cheia de medos, insegura e outra divertida, sempre bem disposta, no fundo criei uma personagem à imagem do que esperavam de mim, uma palhaça que quanto mais eufórica estava mais magoada estava por dentro.

Já "adulta" numa altura bem complicada da minha vida, tomei contacto com um programa de auto-conhecimento onde retirei ensinamentos fundamentais para levar a cabo o objectivo que tracei para a minha vida. Melhorar-me, aproximar-me cada vez mais da pessoa que queria ser mas que não conseguia por não me conhecer realmente, sim porque a maneira que arranjei de lidar com os meus medos e com os meus defeitos foi fingir que não existiam.
Fiz uma viagem interior profunda e meticulosa, olhei para mim como se de outra pessoa se tratasse, cada vez que encontrava zonas escondidas onde encerrava características que me recusava a ver, tratava de as trazer para o meu consciente e num exercício de contrariar a maneira de agir rotineira fui alterando aos poucos a minha maneira de ser. Passei a recorrer a esse exercício com alguma frequência e fui-me conhecendo e "moldando".

Interrompi alternadamente os temas em que me empenhava para continuar esse crescimento, tempo acho que necessário para digerir o que tinha aprendido, tentando trazer para o meu quotidiano as novas maneiras de entender o que me rodeava, racional e sentimentalmente.

O tema a que sempre me recusei dedicar foi em relação à maneira como eu amava, talvez por que no fundo soubesse a resposta, talvez por ser algo que sempre soube e me recusei a aceitar, não sei. Sei sim que, mais uma vez a vida me obrigou a parar e a solidão fez-me ver que nunca me tinha sentido realizada a esse nível. Parei, pensei, sofri, quase desisti, mas finalmente encontrei a paz comigo mesma nunca antes sentida. Finalmente assumi para mim mesma o que sinto e como sinto.

Toda essa caminhada dentro de mim deu-me segurança para finalmente me partilhar, sair de dentro da minha cabeça e mostrar-me. Presencialmente apenas o faço com poucos e grandes amigos, a net foi a ferramenta que utilizei para o fazer e bem dita a hora em que o fiz .Graças a essa saída do casulo encontrei pessoas espectaculares, pessoas que me ajudam diariamente nessa minha caminhada mas sobretudo encontrei a pessoa que faz de mim uma mulher realizada sentimentalmente.

Há um ano atrás a minha vida deu um trambolhão tal que pela primeira vez me senti totalmente arrasada, completamente vencida, cheguei ao ponto de dar por mim a desistir de tudo, a achar que não tinha forças para aguentar todo o sofrimento por que estava a passar, essas pessoas a quem me dei a conhecer foram as minhas fundações, os meus alicerces que não me deixaram cair por terra e diariamente me mostraram o meu valor. Em especial a minha mulher que por várias vezes apanhou os meus cacos e os colou quando eu estava em destroços, lutou e luta a meu lado para que saia dessa guerra vitoriosa. É a pessoa que melhor me conhece, conhece-me como eu me conheço e se por um lado foi um ano terrível, por outro fez-me cimentar quem eu sou e trouxe-me revelações em relação a mim e a quem me rodeia.

Mais uma vez chego à conclusão que nada acontece por acaso e as alturas piores da minha vida serviram para mudar o meu rumo pois de outra maneira não teria a coragem necessária para o fazer.

2 comentários:

  1. Ola miss rabbit :) vim parar ao teu cantinho "por acaso" (nada acontece por acaso) e por momentos tive de esfregar os olhos, fechar e abrir consecutivamente, para sentir que eras tu quem estava a escrever e não eu. Parecias estar a falar de mim... cronologicamente tal e qual! :)

    Vou-me tornar seguidora, para de vez em quando dar aqui um saltinho :)

    Beijinhos*

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  2. Silene sejas assim bem vinda a este cantinho, considero este meu blog um diário onde escrevo para mim, onde penso, onde me encontro. Infelizmente por motivos profissionais ando um pouco afastada mas vou sempre dando um saltinho aqui. Estive a ver o teu perfil e és seguidora de alguns blogs que tb sigo, e tu não tens nenhum?

    Beijinhos e volta sempre

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