Sentados frente a frente, eu na minha cadeira, tu na tua, olhas-me fixamente, com esse olhar meigo e tão teu... Retribuo-te o olhar e peço-te desculpa. Desculpa por nem sempre te ter sabido compreender como merecias...
Hoje ao ver algo na televisão fez-se finalmente luz na minha cabeça. Uma luta interior em que sentia que devia alguma coisa ao meu pai há 11 anos, hoje percebi o quê, um pedido de desculpa.
Hoje ao ver algo na televisão fez-se finalmente luz na minha cabeça. Uma luta interior em que sentia que devia alguma coisa ao meu pai há 11 anos, hoje percebi o quê, um pedido de desculpa.
Como já o disse algumas vezes, sempre me senti diferente dos restantes membros da minha família, nunca me senti integrada e igual a eles, assim como sempre percebi que o meu pai sentia igual, cada um à sua maneira sabíamos que não pertencíamos ali.
Para mim sempre foi mais fácil ser defendida pela minha mãe, sabia-me bem que me passasse a mão na cabeça em vês de me obrigar a seguir as regras impostas pelo meu pai, hoje entendi que sempre fui manipulada por ela para ter os filhos do lado dela e assim tirar o poder ao meu pai.
Durante mais ou menos um ano depois de o meu pai morrer, o meu principal sentimento foi de revolta, revolta contra os que o criticavam diariamente e que depois de ele morrer fizeram dele um santo, entendi que estavam a lidar com os seus sentimentos de culpa, mas na altura revoltou-me.
Hoje percebi que devo um grande pedido de desculpa ao meu pai por tantas vezes ter aceite as manipulações da minha mãe, e também eu ter ficado contra ele.
Desculpa-me pai, desculpa-me não ter entendido que, à tua maneira, estavas a tentar fazer de mim uma pessoa com valores sólidos e justos, que querias que as minhas acções reflectissem a minha maneira de pensar e que não me permitisse agir da maneira que me dava mais jeito, desculpa-me ter tantas vezes ficado contra ti. Hoje que sou adulta e mãe compreendo-te, compreendo que havendo regras é tão mais fácil crescer, havendo limites não há necessidade da revolta diária que tantas vezes experimentei por me sentir incompreendida. Espero sinceramente que o meu filho opte pela educação com regras e limites em vez da (des)educação em que tudo é permitido desde-que não levante ondas.
Desculpa principalmente por também eu ter feito de ti o mau e da minha mãe a boa, que lutava por mim, quando foi precisamente o contrário, desculpa por na altura não ter entendido e não te ter defendido como devia, pois acho que os dois juntos teríamos arranjado espaço para podermos ser quem somos e não sermos obrigados a se-lo apenas dentro de nós mesmos.
Ao perceber esta minha necessidade do teu perdão, ao conseguir ligar as pontas soltas e ver a minha infância e juventude como um todo e não apenas fragmentos, sinto como que se um peso grande que carregava nos ombros se tivesse finalmente dissipado, dando-me novas ferramentas que tenho que aprender a maneja-las com arte para solidificar a minha relação com o meu filho e torna-la em algo mais proveitoso para os dois.
Para mim sempre foi mais fácil ser defendida pela minha mãe, sabia-me bem que me passasse a mão na cabeça em vês de me obrigar a seguir as regras impostas pelo meu pai, hoje entendi que sempre fui manipulada por ela para ter os filhos do lado dela e assim tirar o poder ao meu pai.
Durante mais ou menos um ano depois de o meu pai morrer, o meu principal sentimento foi de revolta, revolta contra os que o criticavam diariamente e que depois de ele morrer fizeram dele um santo, entendi que estavam a lidar com os seus sentimentos de culpa, mas na altura revoltou-me.
Hoje percebi que devo um grande pedido de desculpa ao meu pai por tantas vezes ter aceite as manipulações da minha mãe, e também eu ter ficado contra ele.
Desculpa-me pai, desculpa-me não ter entendido que, à tua maneira, estavas a tentar fazer de mim uma pessoa com valores sólidos e justos, que querias que as minhas acções reflectissem a minha maneira de pensar e que não me permitisse agir da maneira que me dava mais jeito, desculpa-me ter tantas vezes ficado contra ti. Hoje que sou adulta e mãe compreendo-te, compreendo que havendo regras é tão mais fácil crescer, havendo limites não há necessidade da revolta diária que tantas vezes experimentei por me sentir incompreendida. Espero sinceramente que o meu filho opte pela educação com regras e limites em vez da (des)educação em que tudo é permitido desde-que não levante ondas.
Desculpa principalmente por também eu ter feito de ti o mau e da minha mãe a boa, que lutava por mim, quando foi precisamente o contrário, desculpa por na altura não ter entendido e não te ter defendido como devia, pois acho que os dois juntos teríamos arranjado espaço para podermos ser quem somos e não sermos obrigados a se-lo apenas dentro de nós mesmos.
Ao perceber esta minha necessidade do teu perdão, ao conseguir ligar as pontas soltas e ver a minha infância e juventude como um todo e não apenas fragmentos, sinto como que se um peso grande que carregava nos ombros se tivesse finalmente dissipado, dando-me novas ferramentas que tenho que aprender a maneja-las com arte para solidificar a minha relação com o meu filho e torna-la em algo mais proveitoso para os dois.