terça-feira, 29 de dezembro de 2009

37, há 37 anos atrás nasci para o Mundo. Desde a magia dos aniversários da minha infância em que as prendas e o ficar mais velha eram o mais importante, que não me lembro de ter tido um dia de anos feliz, cheio de alegria. Talvez que por ser um dia importante para mim esperasse que as pessoas que me eram queridas o interpretassem e o sentissem de igual modo, talvez por esperar delas aquilo que sempre dei, ou talvez apenas por ser existente demais, não sei....
Sei que este ano, embora diferente, não é excepção. Diferente porque já não espero nada das pessoas que inutilmente esperei a vida toda, diferente também porque o que me falta não é carinho nem atenção, diferente porque pela primeira vez me falta parte de mim, diferente porque não tenho vontade de o celebrar, mas igual na falta de felicidade e de alegria, talvez por estar mais vulnerável, por não ter a meu lado uma parte de mim, por numa altura em que queria estar perto estou longe, por saber que não vou receber aquele abraço e aquele beijo que anseio há quase dois meses, estou mais sensível...
E mais uma vez me vejo a pensar que pode ser que para o próximo ano finalmente volte a sentir a alegria e a felicidade que me relembrem os mágicos aniversários de infância.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Δημήτηρ

Δημήτηρ do Grego Deméter ou Demetra quer dizer Deusa Mãe

Quando Hades raptou Perséfone (sua filha) e a levou para seu reino subterrâneo, Deméter ficou desesperada, saiu como louca Terra afora sem comer e nem descansar. Decidiu não voltar para o Olimpo enquanto sua filha não lhe fosse devolvida e proferiu estas palavras:
"Ingrato solo, que tornei fértil e cobri de ervas e grãos nutritivos, não mais gozará de meus favores!"

Fazendo uma analogia entre o solo e as pessoas, também eu sinto essa ingratidão pois precisamente quem eu tornei fértil, a quem me dei sem pedir em troca, quem eu ajudei a crescer, quem levantei inúmeras vezes do chão, hoje arranca dos meus braços o meu filho.
Sinto-me, tal como Δημήτηρ, desesperada, também eu tenho vontade de sair como louca terra afora, tenho uma dor insuportável dentro do meu peito que me tira a vontade de tudo. Previa que seria muito doloroso, mas nem nos meus mais obscuros pesadelos senti tamanha dor e angustia. O tempo não ajuda, pelo contrário, aprofunda, corrói, retorce.
Não sei o que fazer mais, a espera é angustiantemente insuportável, afasto do meu consciente as lembranças, os locais, os projectos pois não consigo gerir os sentimentos que provocam.
Só me resta deixar correr o rio salgado que brota do alambique onde são destiladas a dor, o sofrimento, a falta, a distância...
Diariamente oiço as várias vozes que ocupam um lugar muito especial dentro do meu peito dizerem-me que no fim espera-me um HAPPY END, quero acreditar nelas, são elas que me mantêm de pé, que mantêm a minha sanidade mental no limite do aceitável. Agradeço todos os dias essas vozes existirem e cada uma delas pertencer a uma pessoa linda, que dão sem querer troca, que se privam sem se sentirem obrigadas, que me amam de diversas maneiras, que são socias da minha dor dividindo-a comigo e tentando ameniza-la. São uma familia muito maior do que alguma vez supus existir, não em numero mas em grandeza de sentimentos e valores.
Juntos conseguiremos o que eu sozinha não sou capaz e ficarvos-ei grata para todo o sempre, para vocês que sabem quem são o meu sincero obrigada...

domingo, 13 de dezembro de 2009

Carta ao Menino Jesus

Desculpa lá ó Pai Natal, mas como os aninhos já são alguns e como boa descendente de Alentejanos que sou, eu escrevo antes ao Menino Jesus, pois quando ainda acreditava no Natal como algo de belo e puro, o Pai Natal não existia no meu ingénuo imaginário de criança.
Assim sendo, cá vai...

Querido Menino Jesus,
Este ano não tenho a mínima vontade de fazer árvore, enfeitar a casa ou montar o presépio, desculpa mas o espírito natalício ainda não me inundou, e se vier a inundar será praticamente na véspera da comemoração do teu nascimento.
Não te venho pedir prendas pois acho que as recebi durante todo o ano, está a fazer um ano que me deste a melhor prenda, a que eu procurava acho que desde que me lembro de ser gente, a minha aceitação, o sentir-me pela primeira vez bem comigo própria. Durante o decorrer deste ano deste-me uma mão cheia de verdadeiros amigos, uma Família onde me sinto bem, me sinto aceite e em Paz.
Deste-me um Irmão e uma Irmã, daqueles IRMÃOS VERDADEIROS, daqueles que aceitam independentemente de concordarem, que em vez de julgarem aconselham, que em vez de acenarem com a cabeça e condenarem com o coração fazem o contrário, dão-me na cabeça e têm-me no coração. Deste-me esta família linda, onde me sinto integrada, onde venho buscar apoio quando não tenho forças para me suster em pé sozinha, onde partilho as minhas alegrias e vitórias, onde divido os meus medos e receios, em suma, uma VERDADEIRA FAMÍLIA constituída por grandes amigos, alguns ainda virtuais mas que espero que o deixem de ser rapidamente.
Deste-me também o meu auto-conhecimento, ajudaste-me a reforçar os meus princípios, colocaste os caminhos que tinha que percorrer bem diante dos meus pés, pegaste-me na mão e percorreste-os comigo, trazendo-me onde estou Hoje, de bem comigo, de bem com os outros, a conhecer-me mais um bocadinho, mas principalmente a valorizar-me.
Por ultimo, mas não menos importante, deste-me uma companheira, não mais uma mas sim AQUELA, aquela pessoa com quem quero partilhar a minha vida, com quem quero percorrer todos os novos caminhos que tens guardados para mim, com quem quero envelhecer e nos braços de quem quero acabar os meus dias.
Como vês, deste-me muito durante todo o ano, para terminar o ano em beleza, para que o recorde como o melhor ano da minha vida só falta uma prenda, e mesmo essa terá que me ser dada um dia mais cedo, peço-te que me devolvas o meu TESOURO dia 23 de Dezembro e ai volto a ser a criança ingénua que acredita na verdadeira magia do Natal...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009



Ao ler um blog de que sou assídua, li algo sobre fechar ciclos e dei por mim a pensar que há maneiras e maneiras de o fazer, já experimentei algumas.
Já fiquei lá, no exacto momento em que as coisas aconteceram, dei voltas e voltas à cabeça a tentar achar uma solução para voltar atrás, para reverter os acontecimentos que não tinham como desaparecer e inevitavelmente sai derrotada dessa luta.
Já tentei esquecer, fingir que não aconteceu, e a vida fez questão de me mostrar que tudo acontece com um propósito, que aquilo que não quis viver na altura, fosse com medo de sofrer ou com medo de olhar para dentro de mim e ver o que estava mal ou que eu não queria "digerir", aconteceu por uma razão e mais tarde tive que aprender a lidar com a situação, normalmente de uma maneira bem mais penosa pois deixei passar o "timing".
Também já vivi de recordações, recusando-me a deixar um "amor" partir, alimentando-me dos bons momentos, enaltecendo-os e guardando dentro de uma caixa bem fechada os episódios que me magoaram, transformando uma pessoa com defeitos e qualidades num protagonista de contos de fadas, também ai sai derrotada pois, quando vi que estava parada no tempo, quando quis caminhar e os meus pés se recusavam a obedecer, tive que gerir a situação, tive que abrir a caixa e sofrer com o que não me tinha permitido ver, ou que tinha visto e quis não ver.
Também eu já tentei compreender os motivos por que determinada pessoa agiu de uma maneira totalmente diferente da que eu estava à espera, tentei perceber porque foram mal julgados os meus actos, porque lhes atribuem valores que não são nem nunca foram os meus, tentei acreditar que quem me conhece sabe quais as razões que me movem e que tentariam colocar-se no meu lugar e entender os meus motivos, tal como eu faço com os outros. Cheguei à conclusão que assim não é, fiquei à espera de ser compreendida, do reconhecimento de quanto me dei, do que me privei, as vezes que relevei situações, que reconhecessem o meu esforço, que entendessem o meu amor, e mais uma vez fiquei parada e apenas serviu para me ferir e magoar.

Hoje vivo o presente, tento resolver as questões agora, paro muitas vezes para "digerir" os acontecimentos e não deixo acumular muito pó debaixo do meu tapete emocional. Mostro as minhas emoções sem medos ou receios, se são entendidas tanto melhor pois há sempre volta a dar quando as duas partes estão empenhadas em que uma relação (seja de que natureza for) floresça e dê frutos, se vejo que só eu me empenho, recuso-me a remar contra a maré, corto, limpo a sujidade e sigo em frente, sem magoas nem rancores, a vida tratará de dar as lições devidas a quem de direito, tal como as dá a mim. Trato-me, lambo feridas, curo-me e sigo em frente ciente de que não foram as minhas acções que provocaram o afastamento e que dei tudo de mim para que as situações se resolvessem.
Não quero com isto dizer que encontrei a formula mágica, que não vou voltar a cair nos mesmos erros ou que vou deixar de me magoar com as atitudes dos outros, mas neste momento encaro as coisas assim:
Fecho o ciclo, não por orgulho ou incapacidade, mas sim porque as pessoas ou as situações já não se encaixam na minha vida, recuso-me a parar, a estagnar pois a minha vida é só minha e só a mim me cabe vive-la, e escolhi para a viver a constante aprendizagem e crescimento, assim sendo, não carrego atrás de mim rancores, ódios ou incompreensões, Fecho ciclos e aprendo com eles, só isso...

"Eu nada espero dos outros, logo suas acções não se podem opor aos meus desejos "
(Swami Sri Yukteswar)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Acabei de ler este texto e identifiquei-me tanto que resolvi coloca-lo aqui para que nunca me esqueça dele:

"Aquilo que existe em mim e faz parte de mim pode ser transformado... se eu quiser...

Aquilo que é do outro, só pode ser transformado por ele, e será compreendido e aceite por
mim... dentro dos meus limites... se existir respeito...
Posso falar ao outro como me sinto em relação ao que ele faz ou diz... se houver liberdade...
Não posso afirmar: "Aquilo que o outro fez ou disse feriu-me..." Eu é que me feri com AQUILO
que ele fez ou disse... tenho opções.
Eu sou dona das minhas emoções sensações e sentimentos, também das minhas atitudes, pensamentos e palavras!
Que maravilha...
Não é coerente dizer que fiz algo para alguém... só porque alguém fez isso comigo primeiro...
Se eu agisse assim... eu seria apenas resposta e eco... sem vida...
É mais valioso optar por agir em vez de apenas reagir...
É mais sensato perceber que sou dono das minhas acções... e se faço algo... sou o responsável
por isso...
tenho escolhas...
Reconheço que as rédeas do meu destino estão nas minhas mãos e recuso-me a segurar as rédeas do destino do outro...
é meu direito...
Busco o AMOR na sua mais bela expressão... e por isso abro mão de querer ter o controle sobre a vida do outro...
Amém...
Quero amar com liberdade!
Quero amar com plenitude!
Quero amar antes de tudo...
porque é bom...
AMAR com
RESPEITO e
LIBERDADE !"
(Kali Mascarenhas)

Sem duvida que apenas eu posso mudar-me, e só a mim posso mudar, o espaço que eu permito que as atitudes dos outros ocupem na minha cabeça só a mim o devo, tenho sempre várias opções, posso aceitar o outro como é, com defeitos e qualidades como qualquer outra pessoa, posso dizer o que senti com tal atitude, mas também posso simplesmente afastar-me se essa atitude foi baseada em falta de carácter, desonestidade, deslealdade ou mentira.
Já me anulei algumas vezes para ter ao pé de mim pessoas que eu achava que me faziam falta, hoje percebo que apenas permiti que essas pessoas agissem de tal maneira que eu me sentisse impelida a afastar-me definitivamente por estar profundamente magoada. Também sei que a minha baixa auto-estima na altura permitiu que eu me anulasse.
Hoje não o faço por ninguém, tal como diz o texto, procuro amores na sua mais bela expressão, amores que respeitam, que aceitam, que não calam e onde há liberdade para se dizer o que se sente sem ferir ou magoar. Assim são as minha relações, não me escondo, não me anulo, mostro-me tal e qual como sou, se as pessoas continuam ao pé de mim, se continuam a partilhar-se e a partilhar-me é porque quem sou é importante para elas, se não é podem afastar-se pois não me fazem falta. Cheguei a um patamar na minha vida que apenas me quero rodear de quem me faz sentido, de quem sei com o que conto, de quem é belo por dentro, de quem é cristalino e autêntico, não perco tempo com pessoas "pequeninas" que se mascaram no intuito de obterem mais valias, pessoas mesquinhas, sem carácter, sem valores, sem escrúpulos.
Felizmente que não sou a única a procurar estes valores tão raros nos dias que correm, já cheguei a pensar que era impossível encontrar alguém que me compreendesse e me aceitasse, hoje tenho poucos mas bons amigos, tenho a meu lado uma pessoa que admiro e respeito e quero acreditar que os meus valores vão transparecer, sem aparentarem soberba ou egocentrismo, numa situação que se avizinha e que finalmente vou poder descansar e ser feliz na máxima plenitude.