domingo, 19 de setembro de 2010

Já aqui disse várias vezes que acredito que as situações se deparam na minha vida para que eu tire ensinamentos, basta-me estar atenta. Também acredito que a vida é composta de ciclos e quando está prestes a fechar-se um ciclo é necessário ser posta à prova, para ver se retirei os ensinamentos necessários e se estou preparada para uma nova etapa, há que chame a esse período alturas de azar, eu não creio no azar ou na sorte, creio que andamos cá para crescermos todos os dias e só as dificuldades nos fazem tomar consciência das nossas fragilidades e nos dão oportunidade de nos fortalecermos.

Hoje percebo que este ultimo ano foi isso mesmo, foi um por à prova do que sinto, da força que tenho, da minha determinação e do meu carácter. Levou-me aos limites da insegurança, da duvida, das minhas forças, do sofrimento, do desespero. Houve alturas em que a única luz ao fundo do túnel era tão fraca que não a enxergava, a única certeza que sempre tive e que me impediu de desistir foi em relação ao amor que sinto pelos que me são queridos. O amor que tenho pelo meu filho, pela minha mulher e pelos meus grandes amigos.
Hoje não tenho a menor duvida que esse amor é reciproco e que sou uma mulher de sorte: tenho um filho maravilhoso que merece crescer numa família equilibrada, que o estimule, que lhe dê todas as ferramentas para continuar a sua caminhada; tenho uma mulher que merece tudo, que foi o meu porto de abrigo nos dias de tempestade, que foi o meu norte quando me sentia completamente perdida, que lutou a meu lado para ultrapassar os obstáculos que apenas a mim eram destinados, que me levantou do chão e me carregou no colo quando sentia as minhas forças a esgotarem-se, que me ensinou o que era amar alguém independentemente de...; tenho amigos que são irmãos, que nunca me abandonaram e que acreditaram nas minhas potencialidades mesmo quando eu já não acreditava nelas.
hoje sinto que estou a chegar ao fim do túnel, caminho com passos largos, confiantes e decididos, trago na mochila certezas e esperanças, saio fortalecida para a nova etapa que se está a iniciar.

Por muitas voltas que a minha vida dê, vocês são e serão para sempre donos do meu coração.


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Recuso-me a ser grande precisamente porque quero Crescer

Ás vezes dou por mim a questionar-me: quem inventou a fase adulta? Quem determinou que ao ser-se adulto estão inevitavelmente terminados o crescimento, a aprendizagem, a formação de carácter? E porque é que as pessoas acreditam nisso e seguem essa máxima como carneiros?

Se não, vejamos, quantas pessoas (adultas) conhecemos que pensam? Que pensam realmente! Que analisam as situações, que perdem tempo a questionar as suas acções e as reacções que provocam nos outros? Quantas olham para alguém e não tecem logo inúmeros juízos sem tentarem colocar-se na pele dessa pessoa? É mais fácil descontextualizar as acções e julgar cruelmente, é mais fácil olhar para os outros do que para nós próprios, é muito mais fácil viver a vida dos outros do que a nossa.

E quantas outras tomam atitudes por impulso, por rotina, e mesmo quando são confrontadas e se apercebem que não estão correctas continuam a insistir nelas, só para não se analisarem, provavelmente com medo de verem muitas mais coisas feias, que não gostam.
Quantas vezes ouvimos a frase "eu sou assim e não mudo"?

E quantas pessoas conhecemos que não são reféns da opinião da família, dos vizinhos, dos colegas, dos conhecidos e até dos desconhecidos? Que não vivem dependentes da aceitação alheia?

Eu não aceito para mim esse encerramento, esse fechar dentro de uma caixa e me recusar sair dela, essa aceitação e resignação com o dia-a-dia criando rotinas e ruídos à minha volta para não pensar.

Por isso me recuso a ser "adulta":

Procuro todos os dias reconciliar-me com os meus defeitos, modifica-los, aproximar-me da pessoa que quero ser quando for grande.

Tenho aprendido nos últimos tempos a deixar de ser tão comportadinha, a deixar de fazer o que esperam de mim e fazer sim o que me apetece, no fundo a estar mais próxima de mim mesma.

Aos poucos quero deixar de me sentir tão responsável pelo que se passa à minha volta, aceitar que não tenho o controlo sobre as emoções alheias, nem tão pouco sobre as suas escolhas, sobre o que não corre bem e também sobre o que corre. Quero sentir-me insignificante.

E nessa insignificância quero ter devaneios, Quero desejar sem medos nem vergonhas, quero ter muitas "primeiras vezes", quero ter sensações inéditas só alcançáveis quando se faz uma coisa pela primeira vez, não aceito que a maturidade exige um certo conformismo, quero ter novas sensações até ao fim dos meus dias e com elas aprender sempre. E crescer! Crescer até morrer!